quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Contagem de Corpos - Gabriela

Mandei meu ~livro~ para uma amiga e ela disse que gostou. Comentou sobre essa personagem, que é das minha preferidas, e por isso decidi falar sobre ela hoje.
Senhoras e senhores, com vocês, Gabriela.

Gabriela Augusta Siqueira Bianco não era nada como Natália imaginara. Loira, esguia, toda vestida de rosa e branco. Um jaleco estava pendurado em sua bolsa de marca, e os saltos em seus pés pareciam maiores do que realmente eram. Os olhos verdes faziam com que ela parecesse saída de uma revista de modelos. Sorriu largamente ao ver Felipe, que abrira os braços e sorria também. Ela se jogou nele e abraçou-o demoradamente. Seu perfume forte intoxicou as narinas de Natália, que assistia a cena.
- Olha o Lipinho, todo trabalhado no visual do interior! – disse ela com uma voz suave.
- Nem vem, Gabi. Eu ainda estou muito paulistano, impressão sua.
- Não acredito que você me chamou lá da capital pra vir nesse fim de mundo ver mulheres mortas. Se fossem homens bonitos, tudo bem, eu até viraria necrófila. – disse ela, rindo da própria piada. – Brincadeira, fofinho. Eu já fiz autópsia na nossa lindinha e a causa da morte foi hemorragia aguda. O que quer dizer que ela morreu por perder grande parte do sangue do corpo. Os dedos não estavam em lugar algum perto da cena do crime, então mandei expandirem a área de busca. Agora, preciso de um café forte, mas não dessa delegacia. Parece que ela saiu de um filme de terror antigo, ninguém merece. – Gabriela não parara de falar por um segundo sequer.
- Aqui não tem cafeteria, Gabi. E o café daqui é muito bem feitinho, a despeito da aparência do lugar. – disse Felipe, ainda sorrindo. – Mas, deixa eu te apresentar a chefia. Essa aqui é a Natália. Natália, essa é a Gabriela, melhor aluna da turma, melhor legista do campo.
Natália estendeu a mão à outra, que a apertou sorrindo.
- Ele é um exagerado, o Lipinho. – disse ela, corando. – Nem sou tão boa assim, fala sério. Prazer em conhecê-la, Natália. Então, você é a chefe aqui? Não sabia que o poder feminino era bem considerado nesse fim de mundo. Parabéns, as mulheres vão dominar o mundo antes de 2015.
- Sabe que eu to começando a gostar de você? – disse Natália, sorrindo para a outra.
- Todo mundo me ama. É só questão de tempo. – respondeu Gabriela, piscando.
- Tá, ta, meninas.  Menos fofoca e mais trabalho. Gabi, você vai querer ver os relatórios dos outros casos? – perguntou Felipe
- Nãh, você me atualizou no caso. Agora quero focar nesse ultimo corpo. Vou trabalhar, qualquer coisa te ligo, fofura. – disse Gabriela, beijando a bochecha de Felipe e saindo.
Natália cruzou os braços e encarou Felipe.
- Ex- namorada?
- Amiga, apenas. A Gabi vive trocando de namorado, mas eu não fui um deles. – respondeu ele. Encarou Natália, a expressão ficando séria – Olha, sobre ontem...
- O que tem ontem? – perguntou ela, se fazendo de desentendida.
- Pelo amor de Deus, não se faça de boba. Sobre ontem, eu queria me desculpar. – disse ele.
- Não tenho por que se desculpar. Aconteceu uma vez e não vai acontecer de novo. – respondeu ela, indo até a sala do tio e sentando-se na cadeira. Pegou uma pasta e começou a assinar documentos, prestando atenção exagerada em cada um deles. Felipe a seguiu e sentou-se em frente a ela, encarando-a. Ela percebeu e levantou os olhos do documento.
- O que foi dessa vez?
- Nada. Só parece que você vai comer esse papel com os olhos, só isso. – disse ele, sorrindo discretamente.
- Com a fome que eu estou, é uma possibilidade não tão remota. – respondeu ela.
- Levanta com as galinhas, não toma café, dá nisso. – brincou ele.
- Achei muito engraçado, olha eu morta de rir. Eu tomei café, sim, mas meu estômago anda pedindo mais. Embora eu me recuse a atendê-lo.
Naquele momento, o telefone tocou. Natália tirou o aparelho antigo do gancho e levou-o à orelha.
- Sim. Mas já? Como assim, se entregou e quer ser preso? – perguntou ela. – Tá, traga o meliante até a delegacia. Vamos ver o que acontece.
Desligou o telefone e olhou para Felipe, que assistia a tudo calado.
- Parece que nosso querido amiguinho se entregou. Os policiais estão trazendo ele pra cá, prepare-se pra um interrogatório e tanto.

Escrever sobre ela foi um deleite. Eu me diverti pensando em sua caracterização e em todo o jeitinho dela. Gabi é especial por diversos motivos. Sempre me inspiro em algum amigo ou conhecido para os personagens, e essa não foi diferente. Não direi, porém, em quem ela foi inspirada. Só digo que foi em minha irmã HAHA
Espero que curtam.

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