sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Garota Exemplar

“O casamento mata”

Você provavelmente já leu ou quer ler este livro. Se já leu, olá!, estou à procura de alguém com quem comentá-lo. Se não leu e quer ler, leia. Leia com atenção e com a mente aberta, pois vale muito a pena. Em qualquer caso, vamos lá.

Título nacional: Garota Exemplar
Título original: Gone Girl
Autor: Gillian Flynn
Editora: Intrínseca
Páginas: 448
Ano: 2013

Sinopse: Na manhã de seu quinto aniversário de casamento, Amy, a linda e inteligente esposa de Nick Dunne, desaparece de sua casa às margens do Rio Mississippi. Aparentemente trata-se de um crime violento, e passagens do diário de Amy revelam uma garota perfeccionista que seria capaz de levar qualquer um ao limite. Pressionado pela polícia e pela opinião pública – e também pelos ferozmente amorosos pais de Amy –, Nick desfia uma série interminável de mentiras, meias verdades e comportamentos inapropriados. Sim, ele parece estranhamente evasivo, e sem dúvida amargo, mas seria um assassino? Com sua irmã gêmea Margo a seu lado, Nick afirma inocência. O problema é: se não foi Nick, onde está Amy? E por que todas as pistas apontam para ele?

“É uma era muito difícil em que ser uma pessoa, só uma pessoa real, atual, em vez de ser uma coleção de traços de personalidade, de personagens automáticos.” Amy

Fiz questão de colocar sinopse antes de falar do livro. Por quê? Simplesmente por que quem ler o post precisa entender muitas coisas.
Primeiro eu falo do que achei da história. “Sensacional” é a palavra que melhor define minha opinião sobre a leitura. Cada página me deixava com vontade de ler a próxima, cada capítulo me deixava com vontade de “quero mais”. Para se ter noção de como eu estava obcecada, passei as últimas 200 páginas lendo sem parar. Sentei-me na cama e li, li, li até alcançar as últimas palavras. Cansativo? Um pouco, não nego. Foi, porém, uma experiência maravilhosa.
Não há muito a se falar sobre a história em si - o resumo, por assim se dizer, já é muito conhecido. A esposa some na manhã do aniversário de casamento, o marido se torna cada vez mais estranho sobre o caso - estranho no sentido de parecer completamente desinteressado, alheio ao que acontece. Aos poucos se revela, através de passagens do diário da esposa, que o casamento não estava perfeito nos últimos tempos. Motivos para ele ser o principal suspeito? Muitos. Um álibi perfeito? De modo algum. Cada aparição pública para coletivas de imprensa e afins revela um marido mais e mais estranho. Sorrisos que não deveriam aparecer. Palavras que não deveriam ser ditas. Atitudes que nunca deveriam ser mostradas. Aos poucos o leitor simpatiza com a esposa: pobre menina rica, apaixonada por um homem que não a tratava como ela merecia, arrastada para uma cidade de caipiras depois de perder o emprego bacana e a casa chique na cidade grande. O diário de Amy é de cortar o coração em algumas passagens. A segunda parte do livro, porém, é uma reviravolta imensa. O leitor começa a se dividir: quem deve receber o apoio, na verdade? O que realmente aconteceu àquele casal?

"Há uma responsabilidade injusta que vem com o fato de ser filha única - você cresce sabendo que não tem o direito de desapontar, não tem nem o direito de morrer. Não há um substituto por perto, é você. Isso a torna desesperada para ser impecável e também a deixa embriagada de poder. É assim que déspotas são feitos."

Amy Elliot é a garota exemplar do título. Perfeccionista, metódica, perfeita. Filha de psicólogos - e ela mesma uma psicóloga, afinal - que se tornaram autores da série de livros infantis Amy Exemplar, cuja protagonista - baseada em sua própria filha - é uma menina que se porta com perfeição e decoro em todas as fases de sua vida. Casou-se com Nick Dunne, jornalista em uma revista que perde o emprego após a chegada da informática - quem,afinal, lê revistas e jornais quando se tem celulares, tablets e afins? Logo Amy também perde o emprego, e ambos ficam parados em sua casa chique em Nova Iorque. Amy tem, porém, seu dinheiro, fruto dos rendimentos de Amy Exemplar, que mantém guardado para o futuro. Futuro que não acontece, porém. Então tudo começa a acontecer.: seus pais, também falidos, pedem um empréstimo altíssimo. O dinheiro se vai. A mãe de Nick tem câncer agora e seu pai, Alzheimer. A irmã gêmea dele, Margo, não conseguirá cuidar dos dois. O que fazer, então? Nick “empacota” a esposa nova-iorquina e a a leva para uma cidadezinha do Missouri, onde abre um bar - com o dinheiro de sua esposa, diga-se de passagem. E anos depois tudo desmorona, na manhã em que Amy desaparece.
Do meu ponto de vista antropológico - por que amo Antropologia - posso dizer que a história mexeu profundamente com meu psicológico. Cada página me fazia pensar mais e mais sobre as características de uma personagem específica, sua forma de agir, seus pensamentos, suas ações. Mil questões surgiram na minha mente. O que leva um ser humano a agir daquela maneira? Como podemos justificar os atos e medir as consequências, afinal? A Terceira Lei de Newton se aplica aqui, e cito: "A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: ou as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos". As ações, tanto de Amy quanto de Nick, provocam reações em cadeia que afetam tanto os mesmos quanto os outros a seu redor. As consequências, bem como, trazem mais e mais reações, terminando em uma explosão de cores e aromas (!) que deliciam o leitor a cada frase lida.
Creio que o final tenha sido o menos esperado possível. Decepcionante, na opinião de alguns, mas eu acho, honestamente, que não poderia ter sido diferente. Um final digno de todas as páginas anteriores, fiel ao que se espera de personagens como aquelas e, acima de tudo, fiel à vida - se o leitor bem pensar.
Infelizmente não posso falar tudo o que gostaria sobre o livro - isso seria soltar spoilers gigantescos, algo que não gosto de fazer. Digo, porém, que Garota Éxemplar é um livro que vale a pena ser lido, com certeza.
O filme é dirigido por David Fincher (Se7en, Clube da Luta, Zodíaco, A Rede Social, Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres) e produzido por Reese Witherspoon. O elenco conta com Ben Affleck como Nick Dunne e Rosamund Pike como Amy Elliot-Dunne, além de Neil Patrick Harris como Desi Collings, Tyler Perry como Tanner Bolt, Casey Wilson como Noelle Hawthorne e Missi Pyle como Ellen Abbott.

“Como você sabe que não é uma garota legal, só porque ele diz coisas como: Eu gosto de mulheres fortes. Se ele diz isso à você, ele chegará ao ponto de transar com outra pessoa. Porque "eu gosto de mulheres fortes" é código para "eu odeio mulheres fortes". Amy Elliot Dunne


G A L E R I A











“Nenhum relacionamento é perfeito.”

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